Ao celebrar os 370 anos da Congregação, sinto-me impulsionada a rezar, refletir e escrever sobre nosso carisma de UNIDADE, em nome da Equipe JPIC.
Reporto-me à pequena cozinha do Puy, vendo as 6 jovens e viúvas questão reunidas com o Padre Médaille, no desejo de uma Vida Consagrada diferente da enclausurada. Olho este pequeno grupo, 4 anos antes da aprovação eclesial, no escondimento, no silêncio, querendo responder às necessidades da realidade em que vivem, onde a miséria, a divisão entre ricos e pobres é uma realidade gritante. Sob a proteção de São José e a orientação do Pe. Médaille decidem colocar suas vidas e seus dons a serviço o do carisma, buscando VIVER E PROMOVER A UNIDADE O texto evangélico que as inspira e motiva é o de João 17, 20-23.
SOMOS TODOS DIFERENTES, ÚNICOS E IRREPETÍVEIS
Hoje, como outrora, nos deparamos com desigualdades e divisões que afetam não apenas a humanidade, mas também o universo, nossa casa comum. Assim, nosso Carisma de Unidade e a presença da JPIC em nível de Congregação e de Província, continuam sendo uma necessidade e um desafio de vivência diária.
A UNIDADE NA DIVERSIDADE não é uma proposta fácil, mas também não é algo impossível.
Uma das características humanas que chama a nossa atenção é a das “diferenças”. A verdade é que somos todos diferentes, únicos e irrepetíveis. Isso é uma riqueza, tanto para o próprio indivíduo como para a humanidade.
Entretanto, nossas diferenças são responsáveis por muitas das dificuldades que encontramos, sobretudo nos nossos relacionamentos, nas nossas convivências sociais, políticas, econômicas, profissionais, comunitárias, religiosas e familiares.
Evitamos, consciente ou inconscientemente, as pessoas que são muito diferentes de nós, tanto no pensamento quanto na maneira de ser e de agir.
PRECISAMOS COMPARTILHAR NOSSOS DONS
Gostaríamos de mudar, principalmente os outros, na esperança de facilitar a nossa vida. Porém, o grande desafio não é igualar as pessoas e sim, aceitar conviver com as diferenças. Unidade não é padronização, querer que todos sejam iguais a nós, com as mesmas qualidades e, talvez, defeitos. Antes, pressupõe respeito e aceitação de si e dos outros como eles são, exercitando a paciência, a compreensão, a caridade. Assim nossa vida ganha em qualidade e nossas relações interpessoais se tornam mais agradáveis.
Precisamos compartilhar nossos dons e nossos talentos com os dons e talentos dos outros, fazendo crescer no nosso convívio a colaboração, a parceria, a confiança e o melhor aproveitamento dos potenciais de cada pessoa.
Precisamos ser corajosas/os, coerentes, acolhendo nossas diferenças nos relacionamentos. Apropriarmo-nos das diferenças como uma oportunidade de enriquecimento, e não como um caminho para o distanciamento. As diferenças podem tornar-se o tempero de um bom relacionamento.
COM O OLHAR DO ESPÍRITO É POSSÍVEL SUPERAR AS DIFERENÇAS
A unidade querida por Deus, em Jo 17,20-23, não é uma uniformidade ou supressão das diferenças. Na verdade, toda a riqueza da unidade em Deus é manifestada pelas diferenças, quando vividas na caridade.
Na primeira Carta de São Paulo aos Coríntios encontramos uma clara referência do desejo de reunir todos os que estão dispersos: “Fomos batizados num só Espírito para formarmos um só corpo” (1 Cor 12,13). O Apóstolo, ao falar da unidade gerada pelo Espírito, chama a atenção para a rica diversidade das qualidades e dos dons que existem na comunidade. Ensina-nos que é a partir desta diversidade que se constrói a unidade.
O Papa Francisco diz que o Espírito Santo não desfaz as diferenças, nem elimina a diversidade. Pelo contrário, ele devolve ao coração humano a harmonia, juntando os distantes, unindo os afastados, reconduzindo os dispersos. Com o olhar do Espírito é possível superar as diferenças e estar unidos, mesmo numa época marcada pela polarização.
Lembremo-nos ainda do que diz São Paulo: “Há diversidade de dons, mas um só Espírito.” (1Cor 12, 4)
TODA UNIDADE TEM A SUA FONTE NA VIDA DO DEUS UNO E TRINO
O Papa Francisco recomenda também que busquemos a unidade, que é obra do Espírito Santo, e que não tenhamos medo das diversidades. Unidade não é pensar do mesmo modo ou perder a própria identidade. Pelo contrário, “é reconhecer e aceitar, com alegria, os diversos dons, que o Espírito Santo concede a cada um, e colocá-los a serviço de todos.”. O Papa continua dizendo que “Unidade na diversidade é também ouvir, aceitar as diferenças, ser livre de pensar diferentemente e manifestar o próprio pensamento, livremente, com o devido respeito para com as pessoas”.
“Toda Unidade tem a sua fonte na vida do Deus Uno e Trino, base de nossa espiritualidade. Deus Trindade nos pede, por sua vez, para comunicar esse tesouro aos outros, unidos no serviço de sua verdade”.
Na certeza de que o Espirito que nos vivifica é um e o mesmo, lutemos para que o projeto de unidade se estenda a toda a humanidade, construindo relações cada vez mais humanas, capazes de respeito recíproco e de amor abnegado.
Apesar da distância física, ocasionada pela Pandemia do Corona vírus, permaneçamos juntas/os, mesmo estando fisicamente longe. Os meios de comunicação ajudam a manter as pessoas unidas e encurtam as distâncias.
Onde o mundo vê conflitos e divisões, somos desafiadas a tecer laços de misericórdia, de compreensão, de perdão e de fraternidade.
PRECISAMOS CONSTRUIR PONTES, DEFENDER A VIDA
Hoje, como na origem da Congregação, o mundo precisa da nossa presença como Irmãs de São José testemunhando a unidade. Precisamos construir pontes, defender a vida, dar voz aos que não têm voz e derrubar os muros, visíveis e invisíveis, que impedem o diálogo sincero e a verdadeira comunicação. Porém, primeiramente, nós precisamos estar unidas entre nós e sermos sinal de unidade onde quer que estejamos e naquilo que fazemos.
NA CIRANDA DA UNIDADE, JUSTIÇA E PAZ se abraçarão construindo um mundo mais feliz, entre nós, com as outras pessoas e com o universo, nossa casa comum.
Ir. Laura Gavazzoni – JPIC/Brasil