Irmã Italvina Bavaresco
(ISJC - Província da Congregação de São José de Chambéry no Brasil)
A Comunidade Terapêutica São José – Pastoral de Apoio Comunitário ao Toxicômano de Lagoa Vermelha, RS (PACTO/LV), idealizada e fundada por Irmã Maria da Paz, da Congregação das Irmãs de São José, iniciou com os preparativos em 2002. Na época, a Irmã tinha 82 anos de idade e ainda sonhava e buscava o bem das pessoas que sofrem. Localizada a sete quilômetros da sede do Município de Lagoa Vermelha, RS, a Entidade está em funcionamento desde 04 de agosto de 2005. Tem sido referência na Região Nordeste do Rio Grande do Sul para recuperação, promoção, reestruturação e a ressocialização de pessoas adultas dependentes de álcool, toxicomanias de qualquer natureza e vícios diversos, ou portadoras de comportamentos decorrentes do uso de substâncias psicoativas, independente de cor, raça, credo religioso e condição econômica.
Nesse período foi possível contribuir para recuperação de centenas de homens, entre 18 e 60 anos, que buscaram amparo no tratamento terapêutico exitoso calcado na Espiritualidade, Trabalho (atividade ocupacional) e Disciplina, em regime de internato, com apoio bio-psico-sócio-espiritual, sob a inspiração dos princípios cristãos e humanos e metodologia dos princípios do Amor Exigente, ou dos doze (12) passos dos Alcóolicos Anônimos, conforme seu Estatuto.
O trabalho dedicado dos colaboradores, em contínua atualização, é reconhecido por todas as comunidades do Estado e fora dele, o que motiva visitas frequentes de ex-internos que acreditam no método empregado, nas vitórias contra o álcool e /ou substâncias entorpecentes.
Essa dinâmica de trabalho vitorioso foi confirmada pelo representante da Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (SENAD), em uma de suas visitas anuais à Entidade. Também, seguidamente recebe visita de grupos de alunos, autoridades, líderes, grupos diversos que valorizam e reconhecem o bem realizado pela Instituição.
A Comunidade Terapêutica São José acolhe pessoas vindas diretamente da rua, abandonadas pelos familiares, outras que já perderam tudo, chegando apenas com as roupas do corpo, porque empenharam tudo no uso das substâncias psicoativas. Sabe-se que a dependência química é uma doença e é muito difícil voltar a ser sóbrio. Alguns têm suas famílias bem organizadas, mas, na verdade, poucas cultivam valores. A maioria provém de famílias desestruturadas, com um vazio existencial, sem espiritualidade e sem disciplina ou não encontraram o sentido da vida.
Os residentes permanentes provêm de uns 20 municípios do Estado do RS e de outros Estados do Brasil e até de outros países. A comunidade, com capacidade para 45 residentes, está quase sempre ocupada e há pessoas aguardando vaga. A propaganda da Instituição é feita pelos recuperados, pois têm muito amor pela instituição que lhes restituiu nova vida. No primeiro domingo de cada mês, é o dia da visita dos familiares que, na verdade, se torna uma festa. Nesse dia, há momentos de reflexão, de partilha, de almoço comunitário e lazer. Os familiares dos pacientes gostam muito de vir à Instituição. Consideram a Comunidade como sua própria família e se sentem responsáveis no bom relacionamento e na convivência fraterna.
A Equipe da Instituição é composta de cinco voluntários. Além da equipe permanente, há oito pessoas que trabalham gratuitamente, entre elas, quatro Irmãs de São José. São elas que respondem pela administração e manutenção da obra. Todos se empenham numa metodologia dialógica e comunicação não violenta. A um grupo de residentes e a um monitor, foi proporcionado o curso de Justiça Restaurativa. A Justiça Restaurativa leva em conta a pessoa como um ser humano que merece respeito, pois é filho de Deus, criado a imagem e semelhança dele. Distingue a pessoa humana e o mal que fez. Não visa culpar, mas trabalha para as pessoas se sentirem responsáveis pelo que fizeram, propondo-se a mudar seus valores.
Um dos objetivos é preparar os clientes para que saindo da comunidade terapêutica, assumam de fato uma nova vida, fiéis à vivência do tripé: disciplina, espiritualidade e atividade ocupacional, além de participar de um grupo como Alcoólatras Anônimos (AA), Narcóticos Anônimos (NA) ou Amor Exigente (AE). São meios para se sentirem reintegrados na sociedade, acolhidos e respeitados
As famílias são muito reconhecidas para com a Entidade, porque passam a viver uma nova vida. Ter um dependente dentro de casa é o desassossego, é uma vida desumana de sofrimento e de morte.
Para a manutenção, a Instituição recebe bolsas da Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (SENAD), além de contribuição de várias prefeituras. Algumas famílias custeiam o tratamento de seu familiar. Há, também, pessoas solidárias que ajudam com mantimentos e doações financeiras espontâneas. Alguns dependentes, tipo pessoas abandonadas, são acolhidos gratuitamente. Muitos dos que se tornam sóbrios ajudam outras pessoas necessitadas para que aceitem um período de internação. Outros, junto com a Comunidade Terapêutica, se empenham na busca de um emprego para os recuperados.