A partir do desafio lançado pela Comissão JPIC da Congregação, para a Semana Laudato Si de 22 a 29 de maio 2022 e intermediado pela JPIC do Brasil, os grupos de Leigos e Leigas do Pequeno Projeto (LLPP) de Porto Alegre e de Guaíba aprofundaram o tema indicado. O grupo LLPP Nazaré/POA, elaborou uma Carta, enfatizando a problemática brasileira a respeito do assunto. Segue o texto e fotos do grupo.
Há poucas décadas atrás, vivíamos em um mundo no qual acreditávamos fosse uma fonte inesgotável de recursos naturais; avançávamos sobre rios e florestas, fauna e flora, em nome de um progresso que iria gerar um estado de bem-estar social para todos. A ganância das grandes nações sobre o mundo em desenvolvimento e da elite econômica do país era justificada como necessária, pois, primeiramente deveríamos “fazer crescer o bolo”, para depois dividi-lo. Que realidade vislumbramos agora, em 2022? O planeta vem sendo sistematicamente destruído para o proveito de uma minoria que controla a exploração dos recursos naturais em nível global. Na atual fase do Capitalismo Financeiro, empresas visam o lucro máximo para seus acionistas, sempre buscando valorizar suas próprias ações. Isto gera um ciclo de descaso em vista à restauração dos biomas degradados, à prevenção de acidentes ambientais, o descarte de rejeitos, etc. Entre os inúmeros exemplos de “vamos pagar para ver”, podemos destacar a Tragédia de Brumadinho/MG (264 vidas perdidas), crime ambiental que até hoje não tem ninguém responsável e julgado. Também não há previsão de quantos anos ainda serão necessários para recuperar os locais atingidos.
Mudanças climáticas vêm afetando severamente as nações: chuvas torrenciais, enchentes, tempestades, furacões, estiagens, ondas de calor, ondas de frio, tudo fora de época e de lugar e com dimensões nunca antes vistas. Estas catástrofes ambientais irão colapsar economias e um nova ordem mundial deverá surgir, trazendo à tiracolo um enorme sofrimento humano. Podemos mudar esse quadro, ainda há tempo, mas devemos agir! Ações voltadas à conservação, prevenção, restauração e reabilitação dos biomas devem ser prioridade de todos, independentemente de ideologia política, credo, classe social, raça, etc. Ali estão todos os recursos naturais, toda a humanidade e também ali está a nossa casa comum, que entregaremos às gerações futuras.
As mudanças urgem em todo planeta! É tempo de participação, é tempo de agir! A sociedade civil deve fazer sua parte, pressionando os poderes da República e seus integrantes a fim de que medidas concretas para a correção de rumos com o meio ambiente sejam implementadas no país, de modo que não cheguemos a um ponto em que o retorno seja impossível. Pesquisadores e ambientalistas vêm anunciando e denunciando, através de seus estudos e por vezes, infelizmente, acabam assassinados.
Assim, vimos por meio desta, conclamar os cidadãos brasileiros, que de alguma forma estejam dispostos a participar da vida pública do país, que se comprometam com as ideias que trazemos, referentes aos problemas ambientais brasileiros. A maioria das propostas elencadas na sequência, se referem ao documento “Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”. Esse documento trouxe para o centro das discussões ações que as pessoas devem assumir, a atenção a ser dada ao planeta e à prosperidade, visando a paz entre as nações. O documento pede aos líderes mundiais para reconhecer que a erradicação da pobreza é o grande desafio para o desenvolvimento sustentável.
Desta forma, buscando a nossa efetiva participação política, propomos que pessoas públicas se comprometam com as pautas ambientais em geral e, mais especificamente, em:
- incentivar, através de projetos de isenção fiscal, a implantação de fontes de energia limpa, tais como a solar e a eólica;
- buscar a melhoria dos serviços públicos de transporte e da mobilidade urbana, minimizando a circulação de veículos e a consequente emissão de gases poluentes;
- priorizar o saneamento básico, de forma que estabeleçamos metas possíveis para a melhoria do abastecimento de água, do esgoto sanitário, da limpeza e da drenagem urbana, do manejo dos resíduos sólidos e das águas pluviais;
- promover uma agricultura sustentável, reduzindo o uso de agrotóxicos, incentivando a agricultura familiar através de projetos de compra garantida da produção, para abastecimento de creches, projetos sociais e escolas;
- incentivar campanhas educacionais para o consumo e produção sustentáveis e a consequente redução de resíduos plásticos no meio ambiente;
- realizar Feiras a partir do aproveitamento de alimentos em perfeito estado para consumo, mas com aparência relegada para o mercado/venda;
- criar usinas de reciclagem e implementar a coleta seletiva de resíduos, em todos os municípios;
- promover compostagem com restos de feiras e de grandes fontes geradoras de matéria orgânica;
- promover a educação ambiental integrada e crítica para educadores, gestores e funcionários dos setores público e privado e nas escolas de ensino fundamental e médio;
- ampliar a arborização urbana e cuidados de conservação e plantio de espécies frutíferas nos quintais;
- criar ações para a preservação de mananciais.
Podemos ver que a maioria das ações elencadas acima exige uma atuação estatal. As mudanças “macro” não surgirão de iniciativas de pessoas ou de empresas. Precisamos de regulamentações que conduzam todos, sem exceção, para um mundo sustentável e equilibrado.
Deve ficar claro que este documento não traz nenhuma grande novidade e não é essa nossa intenção. Buscamos apenas mostrar que a sociedade civil está se mobilizando em prol da proteção da única casa que temos, o planeta Terra, e que é hora de comprometermos nossos governantes com esta causa. Não pode existir desenvolvimento econômico dissociado do cuidado com o meio ambiente!
Nazaré - Grupo de Leigos e Leiga do Pequeno Projeto de Porto Alegre/RS