Este texto, construído coletivamente pela atual Comissão Justiça, Paz e Integridade da Criação, expressa o que significa, para a Irmã de São José de Chambéry, “Justiça, Paz e Integridade da Criação”, pressupondo: as origens da Congregação; a realidade da vida planetária que inclui todas as expressões de vida no Planeta; a Encíclica LS e todas as orientações do Papa Francisco; documentos congregacionais e eclesiais, bem como inspirações da caminhada sinodal congregacionais.
A UISG, Comissão de Justiça, Paz e a Integridade da Criação (JPIC), com suas raízes na Constituição Pastoral Constitution, Gaudium et Spes considera que a justiça e o amor de Cristo para com os pobres podem ser desenvolvidos em todos os lugares. (1965, n. 90).
O Sínodo dos Bispos, ao falar sobre a Justiça no Mundo, também declarou que “A ação em prol da justiça e a participação na transformação do mundo aparecem plenamente para nós como uma dimensão constitutiva da pregação do Evangelho”. (1971, n. 6)
Encontramos na Declaração da Rede JPIC/ONG ONU 2021[2]:
- “Mudanças Climáticas/Cuidado da Terra;
- Desigualdade de rendimentos – o crescente fosso entre Ricos e Pobres (a nível global, nacional e local);
- Direitos Humanos, de maneira particular o empoderamento de mulheres e crianças, e pondo fim ao tráfico humano e escravidão.
- Queremos viver como cidadãos globais, trabalhando para criar uma comunidade global de compaixão e esperança onde:
- as mulheres e crianças sejam respeitadas;
- a desigualdade de rendimentos seja denunciada e todas as pessoas tenham o que necessitam;
- os refugiados encontrem um lar;
- as famílias tenham acesso à alimentação, aos cuidados sanitários, cuidados de saúde e educação;
- as vítimas da violência e tráfico humano encontrem segurança e proteção;
- todos ajam responsavelmente usando os recursos, cada vez menores, da nossa frágil comunidade da Terra;
- as nações lutem para viverem em paz, escolhendo o diálogo em vez do conflito e transformem as armas em utensílios agrícolas;
- o desenvolvimento dos povos, das comunidades e da Terra seja sustentável”.
A natureza da Congregação das Irmãs de São José engloba elementos universais expressos nos mistérios da Trindade, Encarnação e Eucaristia: “Enraizadas nos Mistérios da Trindade, da Encarnação e da Eucaristia, temos como finalidade a busca da união total de nós mesmas e das pessoas com Deus, das pessoas entre si e conosco”.[3]
“Somos chamadas a vivermos a unidade desejada por Jesus Cristo pela Eucaristia, um dos mistérios que inspirou Padre Médaille a fundar a Congregação e que, como sacramento de unidade na Igreja, constitui para nós a fonte e a inspiração de nossa participação na missão de Jesus Cristo: “para que todos sejam Um”.[4]
A contemplação/vivência do Mistério da Encarnação de Jesus nos engaja no hoje de nossa história e no contexto de um povo, sua origem, sua realidade social, política, econômica, seus mecanismos e instrumentos de sobrevivência e/ou de exploração. A contemplação/vivência dos Mistérios da Trindade e da Eucaristia nos engajam como “sacramento de unidade” no contexto onde estamos “encarnadas”!
Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo: o Mistério da Trindade nos dá a dimensão da importância da comunidade e de seus membros estarem atentos, organizados, coesos e decididos na preservação da vida humana, da vida planetária, global e universal.
Cada um dos mistérios compromete a visão que devemos ter no cuidado da Casa Comum e do querido próximo: Toda vida, toda pessoa, a criação são sagradas porque são obras de Deus, interligadas e o PLANETA é a nossa CASA COMUM.
Colocando-nos no seguimento de Jesus como Irmãs de São José, continuamos a inspiração e o exemplo de nosso fundador Jean Pierre Médaille. O ENGAJAMENTO na vivência e construção da Justiça, da Paz e do Cuidado da Criação não pode ser uma opção facultativa. É uma exigência vital, parte da identidade das Irmãs de São José. A vivência e o cultivo da espiritualidade do Carisma da Unidade fundamentam-se no chamado de Deus em todos os tempos e na resposta pessoal, comunitária, institucional e missionária realizadora da Unidade desejada por Jesus Cristo[5].
Para a Congregação das Irmãs de São José, VIDA não é mera suposição. Vida é misericórdia, é acolhimento, é sentimento, é comunhão, é envolvimento total, decisão, ceder ao impulso egoísta e caminhar juntas, descobrindo a grandeza da plenitude da vida na dimensão da interculturalidade.
Cada clamor por justiça, paz e da Criação ferida, em diferentes povos, nações, países, continentes é um clamor que deve ser ouvido e atendido pelas Irmãs de São José. JUSTIÇA é ajustar o mundo, as relações na Casa Comum, segundo o coração de Deus e as necessidades vitais de todos/as. E não há paz sem Justiça. Eis nossa vocação humana, cristã e congregacional.
Professamos e nos comprometemos com a causa da vida segundo o plano do Criador[6], de forma que Justiça, Paz e Integridade da Criação estejam no coração da vida e missão da Irmã de São José. Uma riqueza e uma força presentes nas Constituições e que, animam, profeticamente, para o testemunho da justiça, da paz e da integridade da criação[7]. “Os valores Justiça, Paz e Integridade da Criação são elementos essenciais da nossa vida, do nosso carisma de unidade”[8] e nos encorajam para:
Ø Paz sustentável, segurança humana e justiça;
Ø Formação, consciência e estilo ético de vida, relacionados às questões de justiça, paz e integridade da criação;
Ø Promoção do diálogo e solidariedade;
Ø Participação em redes entre os Institutos Religiosos, organizações não-governamentais e outras entidades comprometidas com a JPIC;
Ø Investimento na formação das Irmãs, Leigos e Leigas do Pequeno Projeto (LLPPs) e colaboradores/as para a justiça, a fim de conscientizar, encorajar e realizar ações concretas que incluam aspectos sócio-político-culturais, econômicos, religiosos e ambientais que impactem na sociedade, em toda e qualquer ação missionária das Irmã de São José de Chambéry.
O desafio é grande e, como Congregação, somamos forças em Federações, parcerias com outras Congregações e organismos de Igreja e da sociedade civil: (UISG; ONG ONU; Redes; Comissões Episcopais, Movimentos Ecumênicos e Intelectuais entre outros).
A Comissão Justiça, Paz e Integridade da Criação, na Congregação, é memória articuladora, incentivadora de ações coerentes e exigentes de Unidade, Profetismo e Justiça nos tempos e contextos atuais, mediante o grito do Pobre e da Criação.